quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Fotos da UPE e Poesia































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O ESCRAVO DESCONHECIDO


Vou-lhes contar as proezas de um escravo
Que sem espaço a história pouco guardou,
Desconhecido, seu nome ecoou
Pelas veredas do espaço e do tempo;
A história teve início na Balaiada,
Ocorrência das mais ferozes; foi uma ação
envolvendo os filhos do Piauí, Bahia e Ceará,
Para lutarem no distante Maranhão.


Era tempos de confusões, assaltos e embates,
E nesses combates sofria o escravo
Encarregado de prover, carregava todo o peso
De mantimentos e carregamentos;
As povoações viviam em sobressaltos
dos assaltos que ocorriam a todo momento
Aprisionando combatentes, todos a cauto,
Era o terror vivido naqueles tempos.


A História de João das Dores todo mundo conhece
Não precisa repetição, porém desconhecem a remissão;
Mas é bom lembrar a promessa de seu filho
E o filho do patrão que voltaram da guerra sãos;
É muita tristeza o pagamento da oferta
Pois eis o alerta de quem cumpria a missão,
Foi o servo destemido que amparou a imagem coberta
De a Salvador à Picos, o escravo e sua dor.

A Santa Imagem foi trazida com muito sofrimento
Centenas de quilômetros por caminhos e trilhas
Nessa tropilha, quem sabe as penas do escravo
As serras, rios e penhascos a transpor...
Como suportar tão grande campanha
Teria a Santa a sustentá-lo a expor?
Nossa Senhora dos Remédios, lhe amaina,
Misericordiosa santa, com certeza o ajudou.


Em Picos, na travessia do Guaribas,
Nessa guarita, o escravo, sem rosto, sem feição;
E nessa exaustão, como recompensa
Sua carta de alforria, a sua separação...
Mas no povoado tão poucos lhe reconheceram
Ou se aperceberam que era nobre de coração...
Dedicando-se à imagem dos que padeceram
Na luta que ocorria no estado do Maranhão.

Com o negro escravo ninguém sabe o que ocorria
Mas como só mesmo acontecer, com sua liberdade,
Desalentados ficavam depois da alforria
E muitas vezes trabalhavam por comida,
Esse cândido herói parecido e desconhecido
Como alguém ou ninguém sabia seu destino,
Mesmo sendo como hoje, um soldado desconhecido,
Prestamos homenagens ao escravo... eis seu designo.


Eis que o escravo representa nossa gente
Um ser inocente e sobre os ombros a imagem;
Tição, personagem da história recente
Que amou com respeito e muito ardor;
Oh! imagem Imaculada Senhora dos Remédios
Veneramos a Vós e a todos que nos uniu,
e repudiamos a escravidão que um dia enlutou
Todo o nosso querido Brasil!

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